quinta-feira, 18 de abril de 2024

Vinte anos da consagração de Rossi


Valentino Rossi confirmava tudo que se esperava dele e conquistara três títulos seguidos na MotoGP, mas havia quem dissesse que o fator que estava fazendo diferença à favor do italiano era a força da Honda, algo que os japoneses não escondiam que concordavam. Isso causava alguns atritos entre Honda e Rossi, que pensou que era ele e não a moto, que estava fazendo a diferença. Por isso que todos ficaram estupefatos quando Valentino anunciou que estava abandonando a Honda para se transferir para a Yamaha, que passara o ano de 2003 em branco e estava em crise técnica. A Honda teve seus brios feridos e contratou Alexandre Barros e Max Biaggi, um dos que mais instigavam que o motivo do domínio de Rossi era pela enorme diferença que a Honda tinha para as demais.

No dia 18 de abril de 2004, no circuito sul-africano de Welkom, um tira-teima de tirar o fôlego aconteceu na abertura da temporada da MotoGP. De um lado Rossi queria provar que ele poderia vencer em qualquer moto. Do outro, a Honda queria provar que qualquer que tivesse uma de suas motos venceria na MotoGP. E se fosse com o inimigo declarado Biaggi, ainda melhor!

A corrida em Welkom foi amplamente dominada por Rossi e Biaggi, que disputaram palmo a palmo a vitória. Nas últimas voltas, Vale fez uma ultrapassagem ousada em cima de Biaggi, que mesmo tentando de tudo, não impediu a vitória de Rossi. Era a primeira vitória da Yamaha desde 2002. Com Biaggi...

Valentino Rossi vibrou como nunca, chegando a sair da moto e beija-la, antes de sentar ao lado do guard-rail, em claro momento de júbilo. Aquela vitória, considerada impossível para muitos, foi apenas o início da belíssima e premiada parceria entre Valentino Rossi e a Yamaha.

domingo, 14 de abril de 2024

Top Gun

 


Numa corrida de tirar o fôlego, Maverick Viñales deu uma volta por cima emocionante nessa tarde em Austin. Após sair da Yamaha pelas portas dos fundos em 2021 e acusado de ter tentado quebrar sua moto de propósito, Viñales achou abrigo na Aprilia, muito influenciado pela sua amizade com Aleix Espargaró. A moto italiana foi das melhores em 2023 e iniciava essa temporada em franca evolução, fazendo com que Maverick crescesse junto, culminando num final de semana próximo da perfeição em Austin, onde foi pole, venceu a Sprint e com a vitória na categoria principal, Maverick Viñales se tornou o primeiro piloto a vencer por três marcas diferentes na era da MotoGP (Suzuki, Yamaha e Aprilia).

A corrida em Austin nem parecia tão boa para Maverick em seu início. O espanhol da Aprilia largou mal e ao ser espremido por Bagnaia na curva um, acabou desabando para nono lugar. Lá na frente a sensação Pedro Acosta liderava pela primeira vez na MotoGP, mas o jovem espanhol e nem ninguém no primeiro pelotão teria sossego numa corrida eletrizante. Acosta tinha a companhia de Jorge Martin e Marc Márquez, com os três trocando de posição de forma insana nas primeiras voltas, enquanto Bagnaia se aproximava da briga. Márquez chegou a encostar em Martin numa tentativa para lá de otimista na última curva, mostrando que em Austin, uma das pistas que mais favorece Marc, ele estava muito forte. Márquez assumiu a ponta, mas sabia que nas freadas Acosta estava muito forte e na entrada da curva 11, acabou perdendo a frente e caindo, para desgosto de todos que acompanhavam a prova, além de sua equipe, que na volta anterior tinha perdido o outro Márquez.

Isso deixava Acosta na ponta, mas a ascensão de Maverick era simplesmente imparável. O espanhol da Aprilia atropelou quem vinha pela frente, começando por Jack Miller e logo depois a dupla da Ducati oficial, com Bastianini já na frente de Bagnaia, que uma corrida bastante apagada na sua metade final. Martin também mostrava dificuldades e praticamente não colocou muita objeção aos ataques de Viñales. Restava Acosta. O piloto da KTM tinha a primeira vitória ao seu alcance, mas Maverick se mostrou forte demais e Viñales assumiu a ponta para não mais perdê-la até a bandeirada, ficando claramente emocionado quando garantiu mais uma vitória, com a terceira moto diferente. Acosta mostrou mais uma vez que poderá se tornar um fenômeno tão incrível como Márquez, terminando em segundo e se garantindo como a melhor KTM do pelotão, mas o mais importante foi a capacidade de Acosta de enfrentar as grandes estrelas da MotoGP de igual para igual. Bastianini ainda teve tempo de tirar Martin do pódio e se garantir na vice-liderança do Mundial, apenas 21 pontos atrás de Martin, que faz campanha descarada para tirar o lugar do próprio Enea na equipe oficial da Ducati. Bela resposta de Bastianini.

Foi uma corrida daquelas na MotoGP, dando um prospecto de uma campeonato sensacional pela frente, com o crescimento da Aprilia, que quebrou uma sequência de onze vitórias consecutivas da Ducati, fazendo aumentar a confiança de Maverick. Quando parar de cair e se acostumar mais à nova moto, Márquez sempre brigará por vitórias, enquanto Acosta já é uma realidade. Uma realidade assustadora para os seus rivais, enquanto a Ducati, que se gaba de ter tantos pilotos na ponta, pode se perder em não apostar as fichas em apenas um deles. Isso, sem contar mais um vexame das motos japonesas, com Quartararo decepcionando em sua primeira corrida após renovar seu contrato com a Yamaha, deixando para lá um convite da Aprilia. Com a demonstração de hoje, Fabio poderá se arrepender amargamente de sua escolha, algo que Maverick Viñales simplesmente não o faz. 

segunda-feira, 8 de abril de 2024

Figura(JAP): Honda

 Alguns anos atrás, a Honda sofreu a humilhação pública de Fernando Alonso quando o espanhol chamou o motor Honda de 'GP2 Engine', num rádio que entrou para a história. Porém, a Honda deu a volta por cima e correndo em casa, se aproveitou da excepcional fase da Red Bull e seu modelo RB20 para conquistar uma fácil dobradinha na edição 2024 do Grande Prêmio do Japão. Para completar, seu piloto protegido, Yuki Tsunoda, fez uma bela corrida para marcar um ponto com a décima posição, derrotando a Aston Martin de Lance Stroll, numa das melhores corridas do japonês, na frente de sua torcida, que vibrou como nunca em cada ultrapassagem de Yuki. Na pista de sua propriedade, a Honda teve um dia inesquecível, bem longe do 'GP2 Engine'.

Figurão(JAP): Alpine

 Oh mon Dieu! A Alpine continua o calvário que está sendo a temporada 2024 da F1, com outra corrida horrorosa do time bancado pela tradicional Renault. Em Suzuka, a Alpine viu seus dois pilotos baterem na largada, um toque de leve, mas que segundo Ocon e Gasly, fizeram com que perdessem downforce e a corrida dos dois gauleses tiveram uma corrida onde foram ultrapassados por quem quer que se aproximasse deles, mostrando também o quão pouco potente é o motor Renault híbrido, que dez anos atrás tantas críticas a Red Bull fez. Passado tanto tempo, aparentemente os motores franceses continuam atrás das concorrentes e com uma equipe à deriva, com seus dois pilotos tomando 30s de Bottas e só não ficaram em último pelo erro do onipresente Sargeant, o grande nome da Renault vai indo para a vala das marcas derrotadas.

domingo, 7 de abril de 2024

Sono, pneus e domínio

 


O circuito de Suzuka está entre os grandes palcos da F1, tanto pelas grandes histórias que a pista nipônica já viu e a grande tradição de decidir títulos, como a pista espetacular, de alta velocidade e extremamente desafiadora. Contudo, Suzuka parece ter envelhecido mal e não podemos simplesmente culpar a atual geração de carros da F1, de dimensões exageradas e 'gordo'. Em pista seca, quantas corridas foram realmente boas em Suzuka nos últimos vinte e cinco anos? Sim, tivemos a épica corrida de 2005, muito afetada pela chuva no sábado em tempos de uma classificação diferente, mas de resto, Suzuka nos trouxe corridas soníferas como a de hoje. Claro, Max Verstappen e a Red Bull não têm nada com isso. O fato de Max estar atuando num nível altíssimo e a Red Bull estar com outro carro dominante na sua história não impede de ter corridas boas. Porém, a corrida nipônica teve como característica o alto desgaste de pneus, mas não impediu outra dobradinha da Red Bull e Carlos Sainz novamente como o melhor do resto.


Como dito anteriormente, a corrida em Suzuka não foi das mais emocionantes e quem passou a madrugada vendo a corrida deve ter dado bons cochilos, ainda mais com uma longa bandeira vermelha logo na primeira volta. Daniel Ricciardo deu mais um bom motivo para ser ejetado da Racing Bulls e da própria F1 com um erro bobo para um piloto tão experiente como ele, ao tocar em Albon e os dois baterem forte, destruindo a barreira de pneus. Mais um enorme prejuízo para a Williams, que vem sofrendo com os acidentes nesse começo de temporada, levando James Vowles a puxar os cabelos com tantas peças sobressalentes destruídas. E Sargeant é outro que pode seguir Ricciardo e não ver 2025 empregado na F1, ao sair sozinho da curva Degner e terminar a corrida num distante último lugar. A estreiteza de Suzuka fez com que a segunda largada fosse ainda mais tranquila do que a primeira e o velho script se repetiu: Max Verstappen sustentando a primeira posição para administrar a corrida até o final. Sim, isso foi bem o resumo da corrida do neerlandês, que mais apareceu na transmissão fazendo propaganda do que propriamente na pista. Sergio Pérez teve ligeiramente mais trabalho quando Lando Norris parou cedo e como os pneus se mostraram um fator nesse domingo, o mexicano acabou retornando do primeiro pit-stop atrás do inglês. Sem maiores problemas para Checo, que depois teve que ultrapassar um Leclerc com estratégia diferente para completar mais uma dobradinha para a Red Bull e consolidar a vice-liderança do campeonato.


No começo da semana se falava em chuva no domingo, mas a precipitação só veio na sexta-feira, deixando as equipes sem maiores testes, principalmente em ritmo de corrida, mas com pneus novos de sobra para uma corrida com muitas alternâncias de estratégia. Ao invés de chuva, o domingo amanheceu com sol e o dia mais quente do final de semana, fazendo com que o desgaste de pneus realmente fizesse a diferença. Norris manteve a terceira posição na largada, seguido de perto por Sainz, enquanto Alonso, um dos poucos que largou com pneus macios, se virava para se manter em sexto sem destruir os pneus e se manter competitivo. E mais uma vez Fernando mostrou que é mesmo um piloto diferenciado para manter a posição, mesmo com Piastri e Leclerc lhe fustigando. Norris foi dos primeiros que pararam e mostrou uma clara diferença entre pneus novos e velhos, com Lando conseguindo fazer um tranquilo undercut em cima de Pérez e até mesmo ficando próximo de Verstappen, mas logo a dupla da Red Bull colocou ordem na casa. Largando apenas em oitavo depois de uma classificação miserável, Leclerc tentou fazer uma tática diferente que acabou se pagando. Charles arriscou parar apenas uma vez e mostrando a evolução da Ferrari no quesito desgaste de pneus, Leclerc fez funcionar essa estratégia, só perdendo o lugar no pódio para Sainz no final da prova, com a Ferrari praticamente pedindo para os dois trocarem de posição. Largando atrás de Norris, era nítido que Sainz tinha mais ritmo e que a Ferrari desgastava menos pneus do que a McLaren. Hoje a Ferrari tem o segundo melhor carro do pelotão e em Suzuka isso ficou claro com os dois carros vindo logo atrás da Red Bull, mas o que a cúpula da Ferrari não esperava era que Sainz estivesse constantemente superando Leclerc, piloto do time até 2028, enquanto Sainz cumpre aviso prévio e sem lugar definido para 2025.


Norris terminou em quinto e ao contrário do ano anterior, Piastri não brilhou. O australiano errou bastante, principalmente na chicane. Mesmo com um carro superior, Piastri não fez nenhum ataque mais forte em cima de Alonso, que segurou a sexta posição sem maiores arroubos, enquanto Piastri, atrapalhado por mais um erro na chicane, ainda perdeu a sétima posição para Russell. A Mercedes teve um final de semana bem safado, onde foi coadjuvante o tempo inteiro, com um carro claramente num ritmo abaixo de Red Bull, Ferrari, McLaren e Alonso. Sim, Alonso. Numa pista onde o piloto faz a diferença, o espanhol deu um verdadeiro banho em cima de Stroll, que terminou em 12º e quase um minuto atrás do companheiro de equipe da Aston Martin. Nada acontecerá com Stroll com esse resultado ruim, afinal, o 'Vojvoda da F1' sabe que nada lhe acontece na equipe do papai, de tão acomodado que está. Ao contrário do companheiro de equipe, Tsunoda fez uma corrida boa na frente de sua torcida e apareceu na transmissão o tempo inteiro. A décima posição lhe valeu mais um ponto, que foi comemorado pela equipe e na casa da Honda, Tsunoda vai se consolidando como o piloto principal da montadora japonesa. Com tanta diferença entre pneus novos e usados, as brigas através do pelotão intermediário teve muito mais a ver com o pneu usado, valendo algumas ultrapassagens bonitas no desafiador primeiro setor, mas ainda assim não foi o suficiente para fazer nos acordar. Haas e Sauber fizeram seus papeis, principalmente com a Sauber não errando nenhum pit-stop. A Alpine viu seus dois pilotos se tocarem na largada, mas isso não fez com que a equipe francesa tivesse outro final de semana horroroso, só não ficando nas duas últimas posições pelo erro de Sargeant. Pior do que a atuação da Alpine, somente da transmissão da Band. Talvez o sono tenha atrapalhado o trio, que não estava no seu melhor dia.


Duas semanas depois de uma corrida atípica, a Red Bull colocou as coisas no lugar, assim como ocorrera em 2023, quando um derrota dolorida foi aplacada com uma vitória dominante em Suzuka. Verstappen colocou 20s em cima de Sainz, mostrando que mesmo crescendo, a Ferrari ainda está bem atrás da Red Bull, que correndo na casa da Honda, conseguiu mais uma vitória dominante. Mesmo com os pneus fazendo a diferença, os austríacos continuaram dominando e o sono imperou no domingo.

sábado, 6 de abril de 2024

Primeira resposta


Para quem vem dominando a F1, a derrota pode ser ainda mais dolorida, ainda mais por um problema aleatório. Max Verstappen está com sangue nos olhos em Suzuka, mesmo palco onde a Red Bull vinha de derrota ano passado. E Max prometeu colocar 20s no segundo colocado e cumpriu. Na classificação a Red Bull nem sofreu ataques da Ferrari, que segundo consta, ficou mais preocupada com o ritmo de corrida e em volta lançada viu Sainz ficar em quarto e Leclerc num opaco oitavo lugar. A dupla da Red Bull dominou a primeira fila, com Verstappen superando Pérez por pouco, enquanto Norris ficava em terceiro já lamentando que pouco possa fazer na corrida. Nas demais posições, destaque para Tsunoda no Q3 em casa e Ricciardo logo atrás, mas a cada tropicão do australiano, as câmeras logo procuram Liam Lawson nos boxes, enquanto Stroll é mesmo o Vojvoda da F1. Ficando apenas no Q1, o canadense sabe que nada lhe acontecerá, acomodado que está na equipe do pai, enquanto Alonso carrega o time nas costas e foi quinto no grid.  

segunda-feira, 1 de abril de 2024

Mais poder

 


A informação pipocava aqui e ali, principalmente com o conhecimento de que a Dorna estaria à venda. Valendo bilhões de dólares, a Dorna teve alguns interessados, mas quem levou a categoria dona da MotoGP foi a Liberty Media, a mesma empresa que comanda a F1.

Por exatos quatro bilhões de dólares, a Liberty agora tem no seu portifólio a F1 e a MotoGP, simplesmente os dois maiores e melhores campeonatos mundiais do esporte a motor. Não restam dúvidas que a F1 cresceu bastante nos últimos tempos e há a expectativa de que a MotoGP trilhe o mesmo caminho de sua, agora mais do que nunca, sua irmã. Quem sabe uma dobradinha F1/MotoGP não aconteça num futuro próximo?